quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Corredores do tempo

 

Não é sabido ainda qual a forma do universo, tudo isto é apenas uma conjectura, mas, no entanto, com uma pitada de experiência própria que irei compartilhar.

O ano era 2016, desde 2006 eu comecei a estudar viagens no tempo intensivamente e todo meu tempo foi destinado a descobrir sobre o assunto desde então.

Por uma trágica história do meu passado, que foi pior que um filme de terror, ou se fosse um filme de terror e desespero, muitos virariam o rosto no cinema para não assistir a cena que aconteceu com aquela criança, que no caso era eu mesmo.

O ano era 1993, em meu aniversário, ao qual não tinha comemorado ainda desde que nasci, por motivos religiosos de minha família. Um garoto do meu prédio interfonou para meu apartamento me dizendo que havia uma surpresa para mim. Crente e feliz por achar que receberia uma festa surpresa, fui correndo para minha ruína de sofrimento e dor para o resto da vida.

Eu não vou lhes explicar exatamente os detalhes do que aconteceu, pois me dói muito, é vergonhoso. No entanto, aprendi duramente, sob humilhação, o que é ser um tetraplégico por alguns eternos minutos da minha vida, e ainda ser sexualmente violentado nesta situação.

Ao passo que tudo terminou, jurei a mim mesmo, sendo que na época só tinha onze anos, que um dia iria descobrir alguma coisa sobre viagens no tempo. Que no momento certo começaria a me focar no assunto. Este dia chegou no ano de 2006, após um término de relacionamento.

Tive que retornar a casa de minha família, por conta deste término, e expliquei que a partir daquele dia, ficaria a investigar o que poderia sobre viagens no tempo. Eu tinha 24 anos nesta época.

Aproximadamente neste período, encontrei uma possível pista que fora censurada em poucos instantes em um fórum de física. O rapaz em questão citou que se tivéssemos uma tesoura de tamanho infinito, e fechássemos ela, o corte da tesoura alcançaria velocidades infinitas. Infelizmente não tive tempo de agradecê-lo, no entanto, aquilo ficou na minha cabeça e comecei a estudar sobre a tesoura.

Por volta de 2006, não existiam muitos textos falando sobre a tesoura, muito pelo contrário, e muito do que encontrei neste meio tempo, enquanto também tentava equacionar, estava errado. E ainda está. O tema é conhecido como paradoxo da tesoura, no entanto, muitos argumentos são falsos.

Deixe-me lhes explicar a verdade sobre a tesoura, desde sua história até sua formulação.

É dito que a tesoura fora inventada pelos Egípcios a cinco ou seis mil anos atrás, e até questiono se o faraó da época também não pensou o mesmo sobre o tema de sua invenção. Sendo a tesoura um artefato bem antigo, é estranho que distintas pessoas nunca escreveram sobre a tecnicidade dela. Então vou lhes explicar.

               Pegue uma tesoura, seja real ou desenhada, e a coloque aberta em noventa graus. No ponto de contato entre as hastes, que formarão o fio de corte, alinhe com o ponto zero de um plano cartesiano. Em seguida, vá fechando as hastes em velocidade constante. Isso causará com que o fio de corte seja acelerado e retilíneo em quarenta e cinco graus. Usando a trigonometria a partir daí, sabe-se que a velocidade do fio de corte, o que acelera, é equivalente a quatro vezes a velocidade das hastes, dividido por π. Ou seja, esta razão já faz com que o fio de corte ultrapasse a velocidade da luz ao ponto que se fecha a tesoura acima de setenta porcento da velocidade da luz.

               Mas ninguém fala disto, e ninguém havia equacionado desta forma, com um plano cartesiano. Esta resolução foi encontrada por mim em 2014 aproximadamente. É a forma clássica.

               A partir deste ponto, comecei a tentar transformar a fórmula clássica em relativística, e não foi muito difícil, pois já havia Ehrenfest com seu paradoxo explicando como uma circunferência reage na relatividade, bastou-me substituir o π pela fórmula de Ehrenfest.

               Agora, diferentemente de outros argumentos que dizem que a tesoura finita alcança velocidades infinitas, ou que fosse um ponto imaterial, eu sabia que uma tesoura eletromagnética poderia concluir tal feito de ultrapassar a velocidade da luz. E foi o que ocorreu em um experimento em 2019, depois de eu já ter experimentado uma viagem no tempo, quando cientistas fizeram uma tesoura eletromagnética que alcançou a mesma velocidade que minha fórmula previa, com precisão de casas decimais.

               Mas como você viajou no tempo? Deve estar se perguntando. Agora vou lhes explicar.

               Em 2016, acabei entendendo como funcionaria a formulação de uma máquina do tempo, ela deveria ter formato toroidal, como já expliquei aqui no blog tal formato no texto “O formato e a velocidade do espaço”. É um texto elucidando um universo hiperbólico e porque o espaço deveria ser hiperbólico. Assim, como o espaço, a máquina do tempo também é um toro.

               Me tomei, por já estar muitos anos acostumado e entendido a razão com a qual uma tesoura acelera seu fio de corte, a imaginar um toro sendo acelerado por tesouras, como explicado naquele texto.

               Me imaginei dentro de um toro interno a um toro externo. O toro externo acelerava de tal forma. E por muito tempo, minha concentração falhava. No entanto, resolvi fazer esse experimento como curiosidade, pensando, “Será que consigo acelerar minha mente como uma máquina do tempo? O que será que acontece?”. Deitei-me em minha cama, fechei meus olhos e comecei a imaginar o toro externo sendo empurrado para dentro, exatamente como explicado. Depois de muitas tentativas algo muito estranho ocorreu.

               O tempo começou a se acelerar cada vez mais rápido, assim como o fio de corte de uma tesoura. Me via, pela minha perspectiva andando e fazendo as coisas cotidianas que faço, mas muito, muito rápido. E poucos segundos depois me encontrei não conseguindo enxergar nada, pois era tanta velocidade que tudo ficara branco, a ponto de se levantasse a mão, não a enxergaria. Tudo estava fora do meu controle.

               Eu fiquei com medo pensando onde iria parar, e de repente senti uma frenagem, como a inercia de um freio. Já tinha percebido que estava no futuro e foi muito breve minha passagem por lá. Apenas que, pude ver poucas coisas sobre ele e uma delas era a seguinte:

               O mundo havia evoluído muito a engenharia genética, tanto que me deram uma injeção no braço dizendo que ficaria bem com ela, teria uma forma perfeita. Por ali deduzi que estavam a usar capsulas de vírus conhecidos e trocando o material genético desses vírus por RNA que faria com que tomasse tal forma, a tal que desejava.

               Pude ver que no futuro uma espécie de zoomorfismo genético tomou popularidade por conta desse avanço tecnológico. As pessoas podiam tomar a forma desejada apenas tomando uma injeção de vírus, que se espalharia por todo o corpo e tomariam o formato desejado. Seja ficar mais alto, ou com curvas mais bonitas, rejuvenescer, ou até mesmo misturar-se com a aparência de outros animais, como ter chifres de bode ou carneiro, mudar a cor da pele, enfim, não existiam muitos limites para o que se poderia fazer naquele futuro.

               Mas agora pode estar se perguntando, como você voltou? E a resposta é bem dura de acreditar.

               Eu morri.

               Morri em núpcias. Uma dama me cortou o pescoço enquanto estava sobre meu corpo. Ela era vermelha, com chifres de bode, como um súcubo.

               Em seguida, não enxergava mais nada, pois não tinha mais olhos, mas sentia a minha forma. Eu tinha olhos, braços e pernas etéreas, imateriais, só não conseguia me mover também. Havia lá apenas eu e minha consciência, e fiquei um tempo lá me sentindo e pensando que era isso, tinha acabado.

               De repente, senti como se uma gigante mão pegasse o meu corpo etéreo e me puxasse fortemente para uma direção. E foi assim que voltei para 2016, tudo fora do meu controle.

               Voltei para o início da ignição que causei e logo em seguida, em uma construção ao lado do meu prédio, um homem berrou com muita força dizendo:

               - BRUXARIA!!!

               Em seguida outro berrou dizendo que não era assim que se deveria fazer. Enquanto fiquei quieto esperando tudo se acalmar.

               Se não fosse por este berro do homem, juraria que tivesse sido uma alucinação, mas ele me põe em xeque essa questão:

               - Foi uma alucinação conjunta ou realmente viajei no tempo? 

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