Tempestade dos Lobos

               É só uma questão de torque, viajar no tempo, ao futuro ou ao passado, em um universo toroidal.

               Podes torcer o corpo ou a mente, o resultado será o mesmo. É como um passo dado com fé, e partirá a outro universo igual o nosso, circundando uma circunferência toroidal do “infindo” espaço em expansão.

               O fato é que ao viajarmos em uma direção de um espaço toroidal, em determinado tempo, sempre voltaremos ao ponto de partida. Isto pode dar a noção de finitude, mas não é. Ou se é, um espaço esferoide é tão finito quanto.

               Um fóton que sai da terra e alcança metade do caminho de seu retorno a terra, neste espaço toroidal, encontra um problema causal. Como a luz não experimenta o tempo, ela estaria ao mesmo tempo, saindo e voltando a terra por toda a existência. E o mais estranho é isso:

               Imagine que as ondas eletromagnéticas, no vácuo, têm velocidade da luz “c”. De acordo com as transformações de Lorentz, nesta velocidade, o tempo a frente se comprime, e atrás se dilata. Mas estamos em um círculo onde frente e atrás é o mesmo lugar. Então sim, estaríamos começando a entender que se fosse possível tal feito, teríamos uma questão, o fóton chegaria no passado ou no futuro? Ora, se o tempo passa mais rápido a frente do fóton, e mais devagar atrás, então ele chegaria em dois tempos diferentes? E isto não seria o mesmo que ligar duas dimensões espaciais, ou separá-las?

               Então faria sentido que cada instante de tempo, estivesse se conectando, um ao outro e um universo toroidal de dimensões extras. Encantador não? Pelo menos me parece melhor que um espaço esferoide, mais real, pelo fato de saber onde está o passado e o futuro e não precisar tentar imaginar se o passado dissipa ou o futuro ainda não existe, está tudo aqui, a um passo de mim.

               Estas coisas são importantes ressaltar, e que esteja claro, agora, talvez, você saiba onde estou e onde estarei, mas uma dúvida fica, qual a direção mais perto para nos encontrarmos?

               Ao meu amor, nos encontraremos. Sob qualquer dia, qualquer hora, em qualquer momento do tempo. Eu sempre estarei aqui para você. E mesmo que eu talvez não esteja mais no teu espaço, é porque estarei no meu, lhe esperando voltar.

               E agora que já sabes como chegar em mim, deixarei para você a letra de uma música Polonesa, traduzida chamada “A Tempestade Dos Lobos”:

“Traça as minhas cicatrizes com teus dedos

Para entrelaçar os nossos caminhos

Abra as feridas que nunca fecham

Até as suas tramas, o destino formar

 

O Sol te afasta dos meus sonhos

Amargando o meu doce dia

Me enrolar nos teus cachos negros

E nadar no lilás desse teu olhar

 

Pegadas de lobos na neve me guiam

Levando até teu coração imóvel

Fúria e tristeza cristalizada

Deixam os teus doces lábios a flamejar

 

O Sol te afasta dos meus sonhos

Amargando o meu doce dia

Me enrolar nos teus cachos negros

E nadar no lilás desse teu olhar

 

Não sei se tu és meu destino

Ou se ao acaso o amor nos uniu

Quando dei voz ao meu desejo

Vieste a mim sem assim desejares tu?

 

O Sol te afasta dos meus sonhos

Amargando o meu doce dia

Me enrolar nos teus cachos negros

E nadar no lilás desse teu olhar”